Ney Matogrosso voltou a falar sobre sua passagem pelo Secos e Molhados e detalhou os conflitos que levaram ao fim do grupo em 1974. Em entrevista nesta última segunda-feira (8/9) ao podcast “Só se for Agora”, comandado pelo locutor Jorge Perlingeiro, o cantor relembrou o início conturbado da carreira solo e os desentendimentos com os outros integrantes.
Segundo Ney, a principal motivação para o rompimento da banda, que durou apenas dois discos, foi financeira. “Nós nos desentendemos, a questão era dinheiro. Porque o nosso acerto inicial era assim: que todo dinheiro que entrasse seria dividido entre os três igualmente. Isso no tempo do romantismo, né? E quando a coisa começou a acontecer, não foi isso”, explicou.
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O cantor ainda relatou que pediu um pagamento maior, justificando que era ele quem se expunha nos palcos com performances ousadas. “Eu disse: ‘Não, como é que não é isso?’ ‘Ah, não, não sei o quê’. Eu disse: ‘Tá bom, então vocês me paguem um pouquinho mais, porque sou eu que fico ali pelado me requebrando, né?’ ‘Ah, não, não pode isso’. ‘Tá bom. Então tá. Vocês sigam a vida de vocês, eu vou seguir a minha’”, disse ele.
O artista também contou como os demais integrantes tentaram substituí-lo. “Teve um coitado que prendiam ele num quarto me ouvindo para cantar igual a mim. Parecia, mas não era eu”, revelou Matogrosso. Ele acrescentou que, apesar de algumas pessoas elogiarem o trabalho do novo vocalista, não se tratava de sua música nem de sua interpretação: “E aí as pessoas dizem assim: ‘Nossa, adoro sua música nova!’. Eu dizia: ‘Não é minha! Não sou eu!’”.
Durante a entrevista, Ney Matogrosso também comentou sobre a influência estética do Secos e Molhados e a suposta relação com a banda de hard rock estadunidense Kiss. Segundo ele, apesar da semelhança entre o uso de maquiagem branca nos palcos, o que sabe é de sua própria experiência: não houve cópia.
Eu não sei de nada não. O que eu sei dizer é que eu não copiei ninguém. A minha informação foi: eu morava em São Paulo, eu vivia na Liberdade, a minha informação foi Teatro Kabuki. Eu tinha medo de perder a minha privacidade, porque era o que eu ouvia dizer, que artista não podia andar na rua. Então eu vendo o Teatro Kabuki, eu disse: ‘Ué, eles não têm rosto. Interessante’. E foi daí que veio a ideia, explicou Ney.
A partir dessa referência, Matogrosso desenvolveu sua própria identidade visual, que marcou os dois anos de duração do grupo, antes de buscar e consolidar seu caminho na carreira solo.
O ex-vocalista também explicou que sua saída não significou apenas o fim de uma fase artística, mas o início de um período de liberdade criativa. A história do cantor e do grupo, que marcou profundamente a década de 70, será contada no enredo da Imperatriz Leopoldinense no Carnaval de 2026, celebrando a trajetória e a influência cultural de Matogrosso e do Secos e Molhados.